Catecismo da Igreja Católica

ÍNDICE ANALÍTICO

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 D.14.19 Nomes e atributos de Deus

D.14.19.1 Amor

§214 Deus, "Aquele que é", revelou-se a Israel como Aquele que e rico em amor e em fidelidade" (Ex 34,6). Esses dois termos exprimem de forma condensada as riquezas do nome divino. Em todas as suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, mas também sua confiabilidade, constância, fidelidade, verdade. "Celebro teu nome por teu amor e verdade" (Sl 138,2). Ele é a Verdade, pois "Deus é Luz, nele não há trevas" (1Jo 1,5), e "Amor", como ensina o apóstolo João (1Jo 4,8).

§218 Ao longo de sua história, Israel pôde descobrir que Deus tinha uma única razão para revelar-se a ele e para tê-lo escolhido dentre todos os povos para ser dele: seu amor gratuito. E Israel entendeu, graças a seus profetas, que foi também por amor que Deus não cessou de salvá-1o e de perdoar-lhe sua infidelidade e seus pecados.

§219 O amor de Deus por Israel é comparado ao amor de um pai por seu filho. Este amor é mais forte que o amor de uma mãe por seus filhos. Deus ama seu Povo mais do que um esposo ama sua bem-amada; este amor se sobrepor até às piores infidelidades; ir até a mais preciosa doação: "Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único" (Jo 3,16).

§220 O amor de Deus é "eterno" (Is 54,8): "Os montes podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará" (Is 54,10). "Eu te amei com um amor eterno, por conservei por ti o amor" (Jr 31,3).

§221 Mas São João ir ainda mais longe ao afirmar: "Deus é Amor" (1Jo 4,8.16); o próprio Ser de Deus é Amor. Ao enviar, na plenitude dos tempos, seu Filho único e o Espírito de Amor, Deus revela seu segredo mais íntimo: Ele mesmo é eternamente intercâmbio de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, e destinou-nos a participar deste intercâmbio.

§257 "O lux beata Trinitas etprincipalis Unitas - à luz, Trindade bendita. O primordial Unidade"! Deus é beatitude eterna, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor: Pai, Filho e Espírito Santo Livremente, Deus quer comunicar a glória de sua vida bem-aventurada. Este é o "desígnio" de benevolência (Ef 1,9) que ele concebeu desde antes da criação do mundo no seu Filho bem-amado predestinando-nos à adoção filial neste" Ef 1,5), isto é, "a reproduzir a imagem do seu Filho" (Rm 8,29) graças ao "Espírito de adoção filial" (Rm 8,5). Esta decisão prévia é uma "graça concedida antes de todos os séculos" (2Tm 1,9), proveniente diretamente do amor trinitário. Ele se desdobra na obra da criação, em toda história da salvação após a queda, nas missões do Filho e do Espírito, prolongadas pela missão da Igreja.

§342 A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos "seis dias", que vai do menos perfeito ao mais perfeito. Deus ama todas as suas criaturas, cuida de cada uma, até mesmo dos pássaros. Apesar disso, Jesus diz: "Vós valeis mais do que muitos pardais" (Lc 12,7), ou ainda: "Um homem vale muito mais do que uma ovelha" (Mt 12,12).

D.14.19.2 Bom

§339 Cada criatura possui sua bondade e sua perfeição próprias. Para cada uma das obras dos "seis dias" se diz: "E Deus viu que isto era bom". "Pela própria condição da criação, todas as coisas são dotadas de fundamento próprio, verdade, bondade, leis e ordens especificas." As diferentes criaturas, queridas em seu próprio ser, refletem, cada uma a seu modo, um raio da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem deve respeitar a bondade própria de cada criatura para evitar um uso desordenado das coisas, que menospreze o Criador e acarrete conseqüências nefastas para os homens e seu meio ambiente.

§385 Deus é infinitamente bom e todas as suas obras são boas. Todavia, ninguém escapa à experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza que aparecem ligados às limitações próprias das criaturas e, sobretudo, à questão do mal moral. De onde vem o mal? "Eu perguntava de onde vem o mal e não encontrava saída", diz Santo Agostinho, e sua própria busca sofrida não encontrará saída, a não ser em sua conversão ao Deus vivo. Pois "o mistério da iniquidade" (2 Ts 2,7) só se explica à luz do "Mistério da piedade". A revelação do amor divino em Cristo manifestou ao mesmo tempo a extensão do mal e a superabundância da graça. Precisamos, pois, abordar a questão da origem do mal fixando o olhar de nossa fé naquele que, e só Ele, é o Vencedor do mal.

§2052 "Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?" Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde primeiro invocando a necessidade de reconhecer a Deus como "o único bom", com o bem por excelência e como a fonte de todo bem. Depois, Jesus diz: "Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos". E cita ao seu interlocutor os preceitos que se referem ao amor do próximo: "Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe". Finalmente, Jesus resume estes mandamentos de maneira positiva: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19,16-19).

D.14.19.3 Deus dos vivos

§993 Os fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negam, ele responde: "Não é por isto que errais, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus?" (Mc 12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que "que não é um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27).

D.14.19.4 Deus vivo

§205 Deus chama Moisés do meio de uma sarça que queima sem consumir-se. Ele diz a Moisés: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abra o, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó" (Ex 3,6). Deus é o Deus dos pais, Aquele que havia guiado os patriarcas em suas peregrinações. Ele é o Deus fiel e compassivo que se lembra deles e de suas próprias promessas; vem para libertar seus descendentes da escravidão. Ele é o Deus que, para além do espaço e do tempo, pode e quer fazê-lo, e que colocará sua onipotência em ação a serviço desse projeto.

§2112 O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige que o homem não acredite em outros deuses afora Deus, que não venere outras divindades afora a única. A escritura lembra constantemente esta rejeição de "ídolos, ouro e prata, obras das mãos dos homens", os quais "têm boca e não falam, têm olhos e não vêem..." Esses ídolos vãos tornam as pessoas vãs:

"Como eles serão os que o fabricaram e quem quer que ponha neles a sua fé" (Sl 115,4-5.8). Deus, pelo contrário, é o "Deus vivo" (Jo 3,10) que faz viver e intervém na história.

§2575 Também aqui Deus vem primeiro. É Ele quem chama Moisés do meio da sarça ardente. Esse acontecimento será sempre uma das figuras primordiais da oração na tradição espiritual judaica e cristã. De fato, se "o Deus de Abraão, Isaac e Jacó" chama seu servo Moisés, é porque Ele é o Deus Vivo que quer a vida dos homens. Ele se revela para salvá-los, mas não sozinho, nem apesar deles; chama Moisés para enviá-lo, para associá-lo sua compaixão, à sua obra de salvação. Há, por assim dizer, uma imploração divina nesta missão, e Moisés, depois de longo debate, conformará sua vontade com a de Deus salvador. Mas, nesse diálogo em que Deus se confia, Moisés também aprende a orar esquiva-se, objeta e principalmente pede. E é em resposta a sei pedido que o Senhor lhe confia seu Nome inefável, que se revelará em seus grandes feitos.

D.14.19.5 Fonte de oração

§2639 O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória. Por ela, o Espírito se associa nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho ao Filho único, em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as levar Àquele que é sua fonte e termo final: "O único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos feitos" (1 Cor 8,6).

D.14.19.6 Fonte de todo bem e de todo amor

§1723 A prometida bem-aventurança nos coloca diante de escolhas morais decisivas. Convida-nos a purificar nosso coração de seus maus instintos e a procurar o amor de Deus acima de tudo. Ensina que a verdadeira felicidade não está nas riquezas ou no bem-estar, nem na glória humana ou no poder, nem em qualquer obra humana, por mais útil que seja, como as ciências, a técnica e as artes, nem em outra criatura qualquer, mas apenas em Deus, fonte de todo bem e de todo amor.

A riqueza é o grande deus atual; a ela prestam homenagem instintiva a multidão e toda a massa dos homens. Medem a felicidade pelo tamanho da fortuna e, segundo a. fortuna, medem também a honradez... Tudo isto provém da convicção de que, tendo riqueza, tudo se consegue. A riqueza é, pois, um dos ídolos atuais, da mesma forma que a fama... A fama, o fato de alguém ser conhecido e fazer estardalhaço na sociedade (o que poderíamos chamar de notoriedade da imprensa), chegou a ser considerada um bem em si mesma, um sumo bem, um objeto, também ela, de verdadeira veneração.

§1955 A lei "divina e natural" mostra ao homem o caminho a seguir para praticar o bem e atingir seu fim. A lei natural enuncia os preceitos primeiros e essenciais que regem a vida moral. Tem como esteio a aspiração e a submissão a Deus, fonte e juiz de todo bem, assim como sentir o outro como igual a si mesmo. Está exposta, em seus principais preceitos, no Decálogo. Essa lei é denominada natural não em referência à natureza dos seres irracionais, mas porque a razão que a promulga pertence, como algo próprio, à natureza humana:

Onde é, então, que se acham inscritas estas regras, senão no livro desta luz que se chama a verdade? Aí está escrita toda a lei justa, dali ela passa para o coração do homem que cumpre a justiça, não que emigre para ele, mas sim deixando ai a sua marca, à maneira de um sinete que de um anel passa para a cera, mas sem deixar o anel.

A lei natural outra coisa não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela, conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar. Esta luz ou esta lei, deu-a Deus a criação.

§2465 O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda verdade. Sua Palavra é verdade. Sua lei é verdade. "Sua fidelidade continua de geração em geração" (Sl 119,90). Uma vez que Deus é "veraz" (Rm 3,4), os membros de seu Povo são chamados a viver na verdade.

D.14.19.7 Justo

§62 Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo, salvando-o da escravidão do Egito. Fez com ele a Aliança do Sinal e deu-lhe, por intermédio de Moisés, a sua Lei, para que o reconhecesse e o servisse como o único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e juiz justo, e para que esperasse o Salvador prometido.

§215 "O princípio de tua palavra é a verdade, tuas normas são justiça para sempre" (Sl 119,160). "Sim, Senhor Deus, és tu que és Deus, tuas palavras são verdade" (2Sm 7,28); é por isso que as promessas de Deus sempre se realizam. Deus é a própria Verdade, suas palavras não podem enganar. É por isso que podemos entregar-nos com toda a confiança à verdade e à fidelidade de sua palavra em todas as coisas. O começo do pecado e da queda do homem foi uma mentira do tentador que induziu duvidar da palavra de Deus, de sua benevolência e fidelidade.

§271 A onipotência divina de modo algum é arbitrária. "Em Deus o poder e a essência, a vontade e a inteligência, a sabedoria e a justiça são uma só e mesma coisa, de sorte que nada pode estar no poder divino que não possa estar na vontade justa de Deus ou em sua inteligência sábia".

§2577 Dessa intimidade com o Deus fiel, lento para a cólera e cheio de amor, Moisés tirou a força e a tenacidade de sua intercessão. Não ora por si, mas pelo povo que Deus adquiriu. Já durante o combate com os amalecitas, ou para obter a cura de Míriam, Moisés intercede. Mas é sobretudo depois da apostasia do povo que "ele se posta na brecha", diante de Deus (Sl 106,23), para salvar o povo. Os argumentos de si oração (a intercessão também é um combate misterioso) inspirarão a audácia dos grandes orantes do povo judeu e da Igreja: Deus é amor, por isso é justo e fiel; não se pode contradizer, deve lembrar-se de suas ações maravilhosas, sua Glória está em jogo, não pode abandonar o povo que traz seu nome.

D.14.19.8 Misericordioso

§210 Depois do pecado de Israel, que se desviou de Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus ouve a intercessão de Moisés e aceita caminhar no meio de um povo infiel, manifestando, assim o seu amor. A Moisés, que pede para ver sua glória, Deus responde: "Farei passar diante de ti toda a minha beleza e diante de ti pronunciarei o nome de Iahweh" (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e proclama: "Iahweh, Iahweh, Deus de ternura e de compaixão, lento para a cólera e rico em amor e fidelidade" (Ex 34,6). Moisés confessa então que o Senhor é um Deus que perdoa.

§211 O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e do castigo que ele merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus revela que é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar seu próprio Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus revelará que ele mesmo traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que "EU SOU" (Jo 8,28).

D.14.19.9 Mistério inefável

§230 Ao revelar-se, Deus permanece Mistério inefável: "Se o compreendesses, ele não seria Deus ".

D.14.19.10 Onipotente cf. Deus Onipotente

D.14.19.11 Pai cf. Pai

§233 Os cristãos são batizados "em nome" do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e não "nos nomes" destes três, pois só existe um Deus, o Pai Todo-Poderoso, seu Filho Único e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.

§238 A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada "pai dos deuses e dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do mundo. Deus é Pai, mais ainda, em razão da Aliança, e do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22). E também chamado de Pai do rei de Israel. Muito particularmente Ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da viúva que estão sob sua proteção de amor.

§239 Ao designar a Deus com o nome de "Pai", a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem primeira de tudo autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode também ser expressa pela imagem da maternidade, que indica mais imanência de Deus, a intimidade entre Deus e sua criatura. A linguagem da fé inspira-se, assim, na experiência humana dos pais (genitores), que são de certo modo os primeiros representantes de Deus para o homem. Mas esta experiência humana ensina também que os pais humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém então lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a paternidade e a maternidade humanas embora seja a sua origem e a medida: ninguém é pai como Deus o é.

§240 Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que só é eternamente Filho em relação a seu Pai: "Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece O Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).

§2779 Antes de fazer nossa esta primeira invocação da Oração do Senhor, convém purificar humildemente nosso coração de certas imagens falsas a respeito "deste mundo". A humildade nos faz reconhecer que "ninguém conhece o Pai senão o Filho ele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11 ,27), isto e, aos pequeninos" (Mt 11,25). A purificação do coração diz respeito às imagens paternas ou maternas oriundas de nossa história pessoal e cultural e que influenciam nossa relação com Deus. Deus nosso Pai transcende as categorias do mundo criado. Transpor para Ele, ou contra Ele, nossas idéias neste campo seria fabricar ídolos, para adorar ou para demolir. Orar ao Pai é entrar em seu mistério, tal qual Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou:

A expressão "Deus Pai" nunca fora revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem Ele era, ouviu outro nome. A nós este nome foi revelado no Filho, pois este nome novo implica o nome novo de Pai.

§2780 Podemos invocar a Deus como "Pai", porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque seu Espírito no-lo faz conhecer. Aquilo que o homem não pode conceber nem as potências angélicas podem entrever, isto é, a relação pessoal do Filho com o Pai, eis que o Espírito do Filho nos faz participar nela (nessa relação pessoal), nós, que cremos que Jesus é o Cristo e (cremos) que somos nascidos de Deus.

§2781 Quando rezamos ao Pai, estamos em comunhão com Ele e com seu Filho, Jesus Cristo. E então que o conhecemos e o reconhecemos num maravilhamento sempre novo. A primeira palavra da Oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica. Pois a Glória de Deus é que nós o reconheçamos como "Pai", Deus verdadeiro. Rendemo-lhe graças por nos ter revelado seu Nome, por nos ter concedido crer nele e por sermos habitados por sua Presença.

§2782 Podemos adorar o Pai porque Ele nos fez renascer para sua Vida, adotando-nos como filhos em seu Filho único: pelo Batismo, Ele nos incorpora no Corpo de seu Cristo e, pela Unção de seu Espírito, que se derrama da Cabeça para os membros, faz de nós "cristos" (isto é, "ungidos").

Deus, que nos predestinou à adoção de filhos, tomou-nos conformes ao Corpo glorioso de Cristo. Doravante, portanto, como participantes do Cristo, vós sois com justa razão chamados "cristos".

O homem novo, renascido e restituído a seu Deus pela graça, diz, antes de mais nada, "Pai!", porque se tornou filho.

§2783 Assim, portanto, pela Oração do Senhor, somos revelados a nós mesmos ao mesmo tempo que o Pai nos é revelado:

Ó homem, não ousavas levantar teu rosto ao céu, baixavas os olhos para a terra, e de repente recebeste a graça de Cristo: todos os teus pecados te foram perdoados. De servo mau te tomaste um bom filho... Levanta, pois, os olhos para o Pai que te resgatou por seu Filho e dize: Pai nosso... Mas não exijas nenhum privilégio. Somente de Cristo Ele é Pai, de modo especial; para nós é Pai em comum, porque gerou somente a Ele; a nós, ao invés, Ele nos criou. Dize, portanto, também tu, pela graça: Pai Nosso, a fim de mereceres ser seu filho.

§2784 Este dom gratuito da adoção exige de nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova. Rezar a nosso Pai deve desenvolver em nós, duas disposições fundamentais:

O desejo e a vontade de assemelhar-se a Ele. Criados à sua imagem, é por graça que a semelhança nos é dada e a ela devemos responder.

Quando chamamos a Deus de "nosso Pai", precisamos lembrar-nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus.

Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se conservais um coração cruel e desumano; pois nesse caso já não tendes mais em vós a marca da bondade do Pai celeste.

É preciso contemplar sem cessar a beleza do Pai e com ela impregnar nossa alma.

§2785 Um coração humilde e confiante que nos faz "retornar à condição de crianças" (Mt 18,3), porque e aos pequeninos que o Pai se revela (Mt 11,25):

É um olhar sobre Deus tão-somente, um grande fogo de amor.

A alma nele se dissolve e se abisma na santa dileção, e se entretém com Deus como com seu próprio Pai, bem familiarmente, com ternura de piedade toda particular.

Nosso Pai: este nome suscita em nós, ao mesmo tempo, o amor, a afeição na oração, (...) e também a esperança de alcançar o que vamos pedir... Com efeito, o que poderia Ele recusar ao pedido de seus olhos, quando já antes lhes permitiu ser seus filhos.

§2794 Esta expressão bíblica não significa um lugar ["o espaço], mas uma maneira de ser; não o afastamento de Deus, mas sua majestade. Nosso Pai não está "em outro lugar", Ele está "para além de tudo" quanto possamos conceber a respeito de sua Santidade. Porque Ele é três vezes Santo, está bem próximo do coração humilde e contrito:

É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca.

Os "céus" poderiam muito bem ser também aqueles que trazem a imagem do mundo celeste, nos quais Deus habita e passeia.

§2795 O símbolo dos céus nos remete ao mistério da Aliança que vivemos quando rezamos ao nosso Pai. Ele está nos céus que são sua Morada; a Casa do Pai é, portanto, nossa "pátria". Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar. Ora, é no Cristo que o céu e a terra são reconciliados, pois o Filho "desceu do céu", sozinho, e para lá nos faz subir com ele, por sua Cruz, sua Ressurreição e Ascensão.

§2796 Quando a Igreja reza "Pai nosso que estais nos céus", professa que somos o Povo de Deus já assentados nos céus, em Cristo Jesus", "escondidos com Cristo em Deus" e, ao mesmo tempo, "gememos pelo desejo ardente de revestir por cima de nossa morada terrestre a nossa habitação celeste" (2Cor 5,2)

Os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Passam sua vida na terra, mas são cidadãos do céu.

§2802 "Que estais nos céus" não designa um lugar, mas a majestade de Deus e sua presença no coração dos justos. O céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos.

D.14.19.12 Puro Espírito

§370 Deus não é de modo algum à imagem do homem. Não é nem homem nem mulher. Deus é puro espírito, não havendo nele lugar para a diferença dos sexos. Mas as "perfeições" do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as de uma mãe e as de um pai e esposo.

D.14.19.13 Santo

§208 Diante da presença atraente e misteriosa de Deus, o homem descobre sua pequenez. Diante da sarça ardente, Moisés tira a sandálias e cobre o rosto em face da Santidade Divina. Diante da glória de Deus três vezes santo, Isaias exclama: "Ai de mim estou perdido! Com efeito, sou um homem de lábios impuros" (Is 6,5). Diante dos sinais divinos que Jesus faz, Pedro exclama "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador" (Lc 5,8). Mas porque Deus é santo, pode perdoar o homem que se descobre pecador diante dele: "Não executarei o ardor da minha ira... porque sou Deus e não homem, eu sou santo no meio de ti" (Os 11,9). O apóstolo João dirá: "Diante dele tranqüilizaremos nosso coração, se nosso coração nos acusa, porque Deus é maior do que nosso coração e conhece todas as coisas" (1Jo 3,19-20).

§1352 A anáfora. Com a Oração Eucarística, oração de ação de graças e de consagração, chegamos ao coração e ao ápice da celebração. No prefácio, a Igreja rende graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela criação, a redenção, a santificação. Toda a comunidade junta-se então a este louvor incessante que a Igreja celeste, os anjos e todos os santos cantam ao Deus três vezes santo.

D.14.19.14 Único Deus

§200 É com estas palavras que começa o Símbolo niceno-constantinopolitano. A confissão da Unicidade de Deus, que tem sua raiz na Revelação Divina da Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus, e igualmente fundamental. Deus é único, só existe um Deus. "A fé cristã confessa que há Um só Deus, por natureza, por substância e por essência."

§201 A Israel, seu eleito, Deus revelou-se como o Único: "Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor! Portanto, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força" (Dt 6,4-5). Por meio dos profetas, Deus chama Israel e todas as nações a se voltarem para Ele, Único: "Voltai-vos para mim e sereis salvos, todos os confins da terra, porque eu sou Deus e não há nenhum outro!... Com efeito diante de mim se dobrar todo joelho, toda língua h de jurar por mim, dizendo: Só no Senhor há justiça e força".

§202 Jesus mesmo confirma que Deus é "o único Senhor" e que é preciso amá-lo de todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças. Ao mesmo tempo, dá a entender que ele mesmo é "o Senhor". Confessar que "Jesus é Senhor" é o específico da fé cristã. Isso não contraria a fé em Deus único. Crer no Espírito Santo "que é Senhor e dá a Vida" não introduz nenhuma divisão no Deus único:

Cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, Todo-Poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três Pessoas, mas uma Essência, uma Substância ou Natureza absolutamente simples.

§212 Ao longo dos séculos, a fé de Israel pôde desenvolver e aprofundar as riquezas contidas na revelação do nome divino. Deus é único, fora dele não há deuses. Transcende o mundo e a história. Foi Ele quem fez o céu e a terra: "Eles perecem, mas tu permaneces; todos ficam gastos como a roupa... mas tu existes, e teus anos jamais findarão!" (S1102,27-28). Nele "não h mudança, nem sombra de variação" (Tg 1,17). Ele é "AQUELE QUE É", desde sempre e para sempre, e é assim que permanece sempre fiel a si mesmo e às suas promessas.

§222 Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o próprio ser em conseqüências imensas para toda a nossa vida.

§223 Significa conhecer a grandeza e a majestade de Deus. "Deu, é grande demais para que o possamos conhecer" (Jó 36,26). E por isso que Deus deve ser o "primeiro a ser servido".(Santa Joana d’Arc, dictum).

§224 Significa viver em ação de graças. Se Deus é o Único, tudo o que somos e tudo o que possuímos vem dele: "Que é que possuis, que não tenhas recebido?" (1Cor 4,7). "Como retribuirei ao Senhor todo o bem que me fez?" (Sl 116,12).

§225 Significa conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens. Todos eles são feitos "à imagem e à semelhança de Deus" (Gn 1,27).

§226 Significa usar corretamente das coisas criadas. A fé no Deus único nos leva a usar de tudo o que não é Ele, na medida em que isso nos aproxima dele, e a desapegar-nos das coisas, na medida em que nos desviam dele:

Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me afasta de vós.

Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo o que me aproxima de vós.

Meu Senhor e meu Deus, desprendei-me de mim mesmo pai

doar-me por inteiro a vós.

§227 Significa confiar em Deus em qualquer circunstancia, mesmo na adversidade. Uma oração de Sta. Teresa de Jesus (Poes. 9) exprime-o de maneira admirável:

Nada te perturbe

Nada te assuste

Tudo passa

Deus não muda

A paciência tudo alcança

Quem a Deus tem

Nada lhe falta.

Só Deus basta

§228 "Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o Único Senhor...". (Dt 6,4; Mc 12,29). "É preciso necessariamente que o supremo seja único, isto é, sem igual... Se Deus não for único não é Deus"

§254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário". "Pai", "Filho", "Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho". São distintos entre si por suas relações de origem: "E o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede".

§258 Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também não tem senão uma única e mesma operação. "O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio". Contudo cada pessoa divina cumpre a obra comum segundo sua propriedade pessoal. Assim a Igreja confessa, na linha do Novo Testamento: "Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo mediante o qual são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas". São sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas.

§2110 O primeiro mandamento proíbe prestar honra a outros afora o único Senhor que se revelou a seu povo. Proscreve a superstição e a irreligião. A superstição representa de certo modo um excesso perverso de religião; a irreligião é um vício oposto por deficiência à virtude da religião.

A SUPERSTIÇÃO

§2111 A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que elas exigem, é cair na superstição.

A IDOLATRIA

2112 O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige que o homem não acredite em outros deuses afora Deus, que não venere outras divindades afora a única. A escritura lembra constantemente esta rejeição de "ídolos, ouro e prata, obras das mãos dos homens", os quais "têm boca e não falam, têm olhos e não vêem..." Esses ídolos vãos tornam as pessoas vãs:

"Como eles serão os que o fabricaram e quem quer que ponha neles a sua fé" (Sl 115,4-5.8). Deus, pelo contrário, é o "Deus vivo" (Jo 3,10) que faz viver e intervém na história.

§2113 A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro etc. "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro", diz Jesus (Mt 6,24). Numerosos mártires morreram por não adorar "a Besta", recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão divina.

§2114 A vida humana unifica-se na adoração do Único. O mandamento de adorar o único Senhor simplifica o homem e o livra de uma dispersão infinita. A idolatria é uma perversão do sentimento religioso inato do homem. O idólatra é aquele que "refere a qualquer coisa que não seja Deus a sua indestrutível noção de Deus".

ADIVINHAÇÃO E MAGIA

§2115 Deus pode revelar o futuro a seus profetas ou a outros santos. Todavia, a atitude cristã correta consiste em entregar-se com confiança nas mãos da providência no que tange ao futuro, e em abandonar toda curiosidade doentia a este respeito. A imprevidência pode ser uma falta de responsabilidade.

§2116 Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõe "descobrir" o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Essas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus.

§2117 Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo - mesmo que seja para proporcionar a este a saúde - são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar a outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo. O recurso aos assim chamados remédios tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes maléficos nem a exploração da credulidade alheia.

A IRRELIGIÃO

§2118 O primeiro mandamento de Deus reprova os principais pecados de irreligião: a ação de tentar a Deus em palavras ou em atos, o sacrilégio e a simonia.

§2119 A ação de tentar a Deus consiste em pôr â prova, em palavras ou em atos, sua bondade e sua onipotência. Foi assim que Satanás quis conseguir que Jesus se atirasse do alto do templo e obrigasse Deus, desse modo, a agir. Jesus opõe-lhe a Palavra de Deus: "Não tentarás o Senhor teu Deus" (Dt 6,16). O desafio contido em tal "tentação de Deus" falta com o respeito e a confiança que devemos a nosso Criador e Senhor. Inclui sempre uma dúvida a respeito de seu amor, sua providência e seu poder.

§2120 O sacrilégio consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia, pois neste sacramento o próprio Corpo de Cristo se nos torna substancialmente presente.

§2121 A simonia é definida como a compra ou a venda de realidades espirituais. A Simão, o mago, que queria comprar o poder espiritual que via em ação nos Apóstolos, Pedro responde: "Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus" (At 8,20). Desta maneira, Pedro obedecia à Palavra de Jesus: "De graça rece-1 bestes, dai de graça" (Mt 10,8). É impossível apropriar-se dos bens espirituais e comportar-se em relação a eles como um possuidor ou um dono, pois a fonte deles é Deus. Só se pode recebê-los gratuitamente dele.

§2122 "Além das ofertas estabelecidas pela autoridade competente, o ministro nada peça pela administração dos sacramentos, tomando cuidado sempre que os necessitados não sejam privados da ajuda dos sacramentos por causa de sua pobreza." A autoridade competente fixa estas "ofertas" em virtude do princípio de que o povo cristão deve cuidar do sustento dos ministros da Igreja. "O operário é digno de seu sustento" (Mt 10,10).

O ATEÍSMO

§2123 "Muitos de nossos contemporâneos não percebem de modo algum esta união intima e vital com Deus, ou explicitamente a rejeitam, a ponto de o ateísmo figurar entre os mais graves problemas de nosso tempo."

§2124 O termo ateísmo abrange fenômenos muito diversos. Uma forma freqüente é o materialismo prático, de quem limita suas necessidades e suas ambições ao espaço e ao tempo. O humanismo ateu considera falsamente que o homem é "seu próprio fim e o único artífice e demiurgo de sua própria história". Outra forma de ateísmo contemporâneo espera a libertação do homem pela via econômica e social, sendo que "a religião, por sua própria natureza, impediria esta libertação, na medida em que, ao estimular a esperança do homem numa quimérica vida futura, o desviaria da construção da cidade terrestre".

§2125 Na medida em que rejeita ou recusa a existência de Deus, o ateísmo é um pecado contra a virtude da religião. A imputabilidade desta falta pode ser seriamente diminuída em virtude das intenções e das circunstâncias. Na gênese e difusão do ateísmo, "grande parcela de responsabilidade pode caber aos crentes, na medida em que, negligenciando a educação da fé, ou por uma exposição enganosa da doutrina, ou por deficiência em sua vida religiosa, moral e social, se poderia dizer deles que mais escondem do que manifestam o rosto autêntico de Deus e da religião"

§2126 Muitas vezes o ateísmo se funda em uma concepção falsa da autonomia humana, que chega a recusar toda dependência em relação a Deus. Contudo, "o reconhecimento de Deus não se opõe de modo algum à dignidade do homem, já que esta dignidade se fundamenta e se aperfeiçoa no próprio Deus". "A Igreja sabe perfeitamente que sua mensagem se coaduna com as aspirações mais intimas do coração humano."

O AGNOSTICISMO

§2127 O agnosticismo se reveste de muitas formas. Em certos casos, o agnóstico se recusa a negar a Deus; ao contrário, postula a existência de um ser transcendente, que não poderia revelar-se e sobre o qual ninguém seria capaz de dizer nada! Em outros casos, o agnóstico não se pronuncia sobre a existência de Deus, declarando que é impossível prová-la e até afirmá-la ou negá-lo.

§2128 O agnosticismo pode, às vezes, conter certa busca de Deus, mas pode igualmente representar um indiferentismo, uma fuga da pergunta última sobre a existência e uma preguiça da consciência moral. Com muita freqüência o agnosticismo eqüivale a um ateísmo prático.

D.14.19.15 Verdade

§214 Deus, "Aquele que é", revelou-se a Israel como Aquele que e rico em amor e em fidelidade" (Ex 34,6). Esses dois termos exprimem de forma condensada as riquezas do nome divino. Em todas as suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, mas também sua confiabilidade, constância, fidelidade, verdade. "Celebro teu nome por teu amor e verdade" (Sl 138,2). Ele é a Verdade, pois "Deus é Luz, nele não há trevas" (1Jo 1,5), e "Amor", como ensina o apóstolo João (1Jo 4,8).

DEUS É A VERDADE

§215 "O princípio de tua palavra é a verdade, tuas normas são justiça para sempre" (Sl 119,160). "Sim, Senhor Deus, és tu que és Deus, tuas palavras são verdade" (2Sm 7,28); é por isso que as promessas de Deus sempre se realizam. Deus é a própria Verdade, suas palavras não podem enganar. É por isso que podemos entregar-nos com toda a confiança à verdade e à fidelidade de sua palavra em todas as coisas. O começo do pecado e da queda do homem foi uma mentira do tentador que induziu duvidar da palavra de Deus, de sua benevolência e fidelidade.

§216 A verdade de Deus é sua sabedoria que comanda toda ordem da criação e do governo do mundo. Deus, que sozinho criou o céu e a terra, e o único que pode dar o conhecimento verdadeiro de toda coisa criada em sua relação com ele.

§217 Deus é verdadeiro também quando se revela: o ensinamento que vem de Deus é "uma doutrina de verdade" (Ml 2,6). Quando enviar seu Filho ao mundo, ser "para dar testemunho da Verdade" (Jo 18,37): "Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu a inteligência para conhecermos o Verdadeiro".

Mãe e Virgem de Guadalupe interceda por nós, vigie-nos com os seus olhos maternos


Jesus Misericordioso, em terminando este trabalho, coloco-o em suas mãos para a sua glorificação, e todo o meu ser à sua disposição!