Catecismo da Igreja Católica

ÍNDICE ANALÍTICO

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

U

V

Y

Z

 

 L.10 LIBERTAÇÃO

L.10.1 Libertação de Israel

§1363 No sentido da Sagrada Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos dos acontecimento do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou por todos os homens. A celebração litúrgica desses acontecimentos toma-os de certo modo presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.

§2170 No dia do Senhor, a Escritura revela ainda um memorial da libertação de Israel da escravidão do Egito: "Recorda que foste escravo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com a mão forte e o braço estendido. E por isso que o Senhor teu Deus te ordenou guardar o dia de sábado" (Dt 5,15).

L.10.2 Libertação do pecado

§1964 A Lei Antiga é uma preparação para o Evangelho. "A lei é profecia e pedagogia das realidades futuras." Profetiza e pressagia a obra da libertação do pecado, que se realizará com Cristo, e fornece ao Novo Testamento as imagens, os "tipos", os símbolos, para exprimir a vida segundo o Espírito. A Lei se completa, enfim, pelo ensinamento dos livros sapienciais e dos profetas que a Orientam para a nova aliança e o Reino dos Céus.

Houve (...), sob o regime da Antiga Aliança, pessoas que possuíam a caridade e a graça do Espírito Santo e aspiravam sobretudo às promessas espirituais e eternas, e deste modo se ligavam à nova lei. Inversamente, existem também sob a nova aliança homens carnais, ainda longe da perfeição da nova Lei. Para os estimular às obras virtuosas, foram necessários o temor do castigo e diversas promessas temporais, até sob a Nova Aliança. Em todo caso, mesmo que a Lei Antiga prescrevesse a caridade, ela não dava o Espírito Santo pelo qual "o amor de Deus derramado em nossos corações" (Rm 5,5).

L.10.3 Libertação e salvação

§1741 Liberdade e salvação. Por sua gloriosa cruz, Cristo obteve a salvação de todos os homens. Resgatou-os do pecado que os mantinha na escravidão. "É para a liberdade que Cristo nos libertou" (Gl 5,1). Nele comungamos da "verdade que nos torna livres". O Espírito Santo nos foi dado e, como ensina o apóstolo, "onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2 Cor 3,17). Desde agora participamos da "liberdade da glória dos filhos de Deus".

L.10.4 Libertação econômica e social

§2124 O termo ateísmo abrange fenômenos muito diversos. Uma forma freqüente é o materialismo prático, de quem limita suas necessidades e suas ambições ao espaço e ao tempo. O humanismo ateu considera falsamente que o homem é "seu próprio fim e o único artífice e demiurgo de sua própria história". Outra forma de ateísmo contemporâneo espera a libertação do homem pela via econômica e social, sendo que "a religião, por sua própria natureza, impediria esta libertação, na medida em que, ao estimular a esperança do homem numa quimérica vida futura, o desviaria da construção da cidade terrestre".

L.10.5 Libertação realizada pelo Batismo

§1221 É sobretudo a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egito, que anuncia a libertação operada pelo Batismo:

Concedestes aos filhos de Abraão atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto, para que, livres da escravidão, prefigurassem o povo nascido na água do Batismo.

§1237 Visto que o Batismo significa a libertação do pecado e de seu instigador, o Diabo, pronuncia-se um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a satanás. Assim preparado, ele pode confessar a fé da Igreja, à qual será "confiado" pelo Batismo.

L.10.6 Oração pela libertação do mal

§2750 E entrando no santo nome do Senhor Jesus que podemos acolher, interiormente, a oração que Ele nos ensina: "Pai nosso!" Sua oração sacerdotal inspira os grandes pedidos do Pai-Nosso: a solicitude pelo nome do Pai, a paixão por seu Reino (a glória), o cumprimento da vontade do Pai, de seu plano de salvação, e a libertação do mal.

Mas livrai-nos do mal

§2850 O último pedido ao nosso Pai aparece também na oração de Jesus: "Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno" (Jo 17,15). Diz respeito a cada um de nós pessoalmente, mas somos sempre "nós" que rezamos em comunhão com toda a Igreja e pela libertação de toda a família humana. A Oração do Senhor não cessa de abrir-nos para as dimensões da economia da salvação. Nossa interdependência no drama do pecado e da morte se transforma em solidariedade no Corpo de Cristo, na "comunhão dos santos".

§2851 Neste pedido, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O "diabo" ("diabolos") é aquele que "se atira no meio" do plano de Deus e de sua "obra de salvação" realizada em Cristo.

§2852 "Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,), "Satanás, sedutor de toda a terra habitada" (Ap 12,9), foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação toda será "liberta da corrupção do pecado e da morte". "Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que Somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno" (1 Jo 5,18-19).

O Senhor, que arrancou vosso pecado e perdoou vossas faltas, tem poder para vos proteger e vos guardar contra os ardis do Diabo que Vos combate, a fim de que o inimigo, que costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus não teme o Demônio. "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8,31).

§2853 A vitória sobre o "príncipe deste mundo" foi alcançada, de unia vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou livremente à morte para nos dar sua vida. É o julgamento deste mundo, e o príncipe deste mundo é "lançado fora", "Ele põe-se a perseguir a Mulher", mas não tem poder sobre ela: a nova Eva, "cheia de graça" por obra do Espírito Santo, é preservada do pecado e da corrupção da morte (Imaculada Conceição e Assunção da Santíssima Mãe de Deus, Maria, sempre virgem). "Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto de seus descendentes" (Ap 12,17). Por isso o Espírito e a Igreja rezam: "Vem, Senhor Jesus" (Ap 22,17.20), porque a sua Vinda nos livrará do Maligno.

§2854 Ao pedir que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que sejamos libertados de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador. Neste última pedido, a Igreja traz toda a miséria do mundo diante do Pai. Com a libertação dos males que oprimem a humanidade, ela implora o dom precioso da paz e a graça de esperar perseverantemente o retorno de Cristo. Rezando dessa forma, ela antecipa, na humildade da fé, a recapitulação de todos e de tudo naquele que "detém as chaves da Morte e do Hades" (Ap 1,18), "o Todo-Poderoso, Aquele que é, Aquele que era Aquele que vem" (Ap 1,8):

Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados por vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador.

Mãe e Virgem de Guadalupe interceda por nós, vigie-nos com os seus olhos maternos