Catecismo da Igreja Católica

ÍNDICE ANALÍTICO

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P.12 PÃO

P.12.1 Comunhão sob a única espécie de pão

§1390 Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão somente sob a espécie do pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por motivos pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino. "A santa comunhão realiza-se mais plenamente sob sua forma de sinal quando se faz sob as duas espécies. Pois sob esta forma o sinal do banquete eucarístico é mais plenamente realçado." Nos ritos orientais, esta é a forma habitual de comungar.

P.12.2 Conversão do pão no Corpo de Cristo

§1106 Juntamente com a anamnese, a epiclese está no cerne de cada celebração sacramental, mais especialmente da Eucaristia: Perguntas como o pão se converte no Corpo de Cristo e o vinho em Sangue de Cristo.

Respondo-te: o Espírito Santo irrompe e realiza aquilo que ultrapassa toda palavra e todo pensamento... Basta-te saber que isso acontece por obra do Espírito Santo, do mesmo modo que, da Santíssima Virgem e pelo mesmo Espírito Santo, o Senhor por si mesmo e em si mesmo assumiu a carne.

§1353 Na epiclese ela pede ao Pai que envie seu Espírito Santo (ou o poder de sua bênção) sobre o pão e o vinho, para que se tornem, por seu poder, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, e para que aqueles que tomam parte na Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito (certas tradições litúrgicas colocam a epiclese depois da anamnese). No relato da instituição, a força das palavras e da ação de Cristo e o poder do Espírito Santo tornam sacramentalmente presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, seu sacrifício oferecido na cruz uma vez por todas.

§1375 É ela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento. Os Padres da Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:

Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia essas palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo, diz ele. Estas palavras transformam as coisas oferecidas.

E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão:

Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas.

§1376 O Concílio de Trento resume a fé católica ao declarar "Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na Igreja esta convicção, que O santo Concílio declara novamente: pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja católica denominou-a com acerto e exatidão Transubstanciação".

P.12.3 Fração do pão

§1329 Ceia do Senhor, pois se trata da ceia que o Senhor fez com seus discípulos na véspera de sua paixão, e da antecipação da ceia das bodas do Cordeiro na Jerusalém celeste.

Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição judaica, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa, sobretudo por da ocasião. Ultima Ceia. É por este gesto que os discípulos o reconhecerão após a ressurreição, e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão suas assembléias eucarísticas.

Com isso querem dizer que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com ele e já não formam senão um só corpo nele.

Assembléia eucarística (synaxxis, pronuncie "sináxis"), porque a Eucaristia é celebrada na assembléia dos fiéis, expressão visível da Igreja.

§1377 A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo.

P.12.4 Jesus pão vivo

§1406 Jesus disse: "Eu sou o pão vivo, descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente...... Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem vida eterna. (...) permanece em mim e eu nele" (Jo 6,51.54.56).

P.12.5 Maná do deserto verdadeiro pão do céu

§1094 É em tomo desta harmonia dos dois Testamentos que se articula a catequese pascal do Senhor, e posteriormente a dos Apóstolos e dos Padres da Igreja. Esta catequese desvenda O que permanecia escondido sob a letra do Antigo Testamento: o mistério de Cristo. Ela é denominada "tipológica" porque revela a novidade de Cristo a partir das "figuras" (tipos) que a anunciavam nos fatos, nas palavras e nos símbolos da primeira aliança. Por esta releitura no Espírito de verdade a partir de Cristo, as figuras são desveladas. Assim, o dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Batismo, o mesmo acontecendo com a nuvem e a travessia do Mar Vermelho, e a água do rochedo era a figura dos dons espirituais de Cristo; o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, "o verdadeiro Pão do Céu" (Jo 6,32).

P.12.6 Multiplicação dos pães

§1335 O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a bênção, partiu e distribuiu os pães a seus discípulos para alimentar a multidão, prefigura a superabundância deste único pão de sua Eucaristia. O sinal da água transformada em vinho em Caná já anuncia a hora da glorificação de Jesus. Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiéis beberão o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo.

§2828 O pão nosso de cada dia nos dai hoje

"Dai-nos": é bela a confiança dos filhos que tudo esperam de seu Pai. "Ele faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair chuva sobre justos e injustos" (Mt 5,45) e dá a todos os seres vivos "o alimento a seu tempo" (Sl 104,27). Jesus nos ensina a fazer este pedido, que glorifica efetivamente nosso Pai, porque reconhece como Ele é Bom para além de toda bondade.

§2829 "Dai-nos" é ainda expressão da Aliança: pertencemos a Ele e Ele pertence a nós, age em nosso favor. Mas esse "nós" o reconhece também como o Pai de todos os homens e nós lhe pedimos por todos eles, em solidariedade com suas necessidades e sofrimentos.

§2830 "O pão nosso." O Pai, que nos dá a vida, não pode deixar de nos dar o alimento necessário à vida, todos os bens "úteis", materiais e espirituais. No Sermão da Montanha, Jesus insiste nesta confiança filial que coopera com a Providência de nosso Pai. Não nos exorta a nenhuma passividade, mas quer libertar-nos de toda inquietação e de toda preocupação. É esse o abandono filial dos filhos de Deus:

Aos que procuram o Reino e a justiça de Deus, ele promete dar tudo por acréscimo. Com efeito, tudo pertence a Deus: a quem possui Deus, nada lhe falta, se ele próprio não falta a Deus.

§2831 A presença dos que têm fome por falta de pão, no entanto, revela outra profundidade deste pedido. O drama da fome no mundo convoca os cristãos que rezam em verdade para uma responsabilidade efetiva em relação a seus irmãos, tanto nos comportamentos pessoais como em sua solidariedade com a família humana. Este pedido da Oração do Senhor não pode ser isolado das parábolas do pobre Lázaro e do Juízo Final

§2832 Como o fermento na massa, a novidade do Reino deve elevar o mundo pelo Espírito de Cristo. Deve manifestar-se pela instauração da justiça nas relações pessoais e sociais, econômicas e internacionais, sem jamais esquecer que não existe estrutura justa sem seres humanos que queiram ser justos.

§2833 Trata-se de "nosso" pão, "um" para "muitos". A pobreza das bem-aventuranças é a virtude da partilha que convoca a comunicar e partilhar os bens materiais e espirituais, não por coação, mas por amor, para que a abundância de uns venha em socorro das necessidades dos outros

§2834 "Reza e trabalha." "Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai como se tudo dependesse de vós." Tendo realizado nosso trabalho, o alimento fica sendo um dom de nosso Pai; convém pedi-lo e disso render-lhe graças. É esse o sentido da bênção da mesa numa família cristã.

§2835 Este pedido e a responsabilidade que ele implica valem também para outra fome da qual os homens padecem: "O homem não vive apenas de pão, mas de tudo aquilo que procede da boca de Deus" (Mt 4,4), isto é, sua Palavra e seu Sopro. Os cristãos devem envidar todos os seus esforços para "anunciar o Evangelho aos pobres". Há uma fome na terra, "não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus" (Am 8,11). Por isso, o sentido especificamente cristão desse quarto pedido refere-se ao Pão de Vida: a Palavra de Deus a ser acolhida na fé, o Corpo de Cristo recebido na Eucaristia.

§2836 "Hoje" é também uma expressão de confiança. O no-lo ensina; nossa presunção não podia inventá-la. Como se trata sobretudo de sua Palavra e do Corpo de seu Filho, este "hoje não é só o de nosso tempo mortal: é o Hoje de Deus:

Se recebes o pão cada dia, cada dia é para ti hoje. Se Cristo es ao teu dispor hoje, todos os dias Ele ressuscita para ti. Como dá isso? "Tu és meu filho, eu hoje te gerei" (Sl 2,7). Hoje, isto é, quando Cristo ressuscita.

§2837 "De cada dia." Esta palavra, "epiousios" (pronuncie: epiússios), não é usada em nenhum outro lugar no Novo Testamento. Tomada em um sentido temporal, é uma retomada pedagógica de "hoje" para nos confirmar numa confiança "sem reserva". Tomada em sentido qualitativo, significa o necessário à vida, e, em sentido mais amplo, todo bem suficiente para a subsistência. Literalmente (epiousios: "supersubstancial"), designa diretamente o Pão de Vida, o Corpo de Cristo, "remédio de imortalidade", sem o qual não temos a Vida em nós. Enfim, ligado ao que precede, o sentido celeste é evidente: "este Dia" é o Dia do Senhor, o do Banquete do Reino, antecipado na Eucaristia que é já o antegozo do Reino que vem. Por isso convém que a Liturgia eucarística seja celebrada "cada dia.

A Eucaristia é nosso pão cotidiano. A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos vincula ao Corpo do Salvador e nos faz seus membros, a fim de que nos transformemos naquilo que recebemos... Este pão cotidiano está ainda nas leituras que ouvis cada dia na Igreja, nos hinos que são cantados e que vós cantais. Tudo isso é necessário à nossa peregrinação.

O Pai do céu nos exorta a pedir, como filhos do céu, o Pão do céu. Cristo "é Ele mesmo o pão que, semeado na Virgem, levedado na carne, amassado na Paixão, cozido no forno do sepulcro, colocado em reserva na Igreja, levado aos altares, proporciona cada dia aos fiéis um alimento celeste".

P.12.7 Pães ázimos e Pão cotidiano §2828-2837

§1334 Na antiga aliança, o pão e o vinho são oferecidos em sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de reconhecimento ao Criador. Mas eles recebem também um novo significado no contexto do êxodo: os pães ázimos que Israel come cada ano na Páscoa comemoram a pressa da partida libertadora do Egito; a recordação do maná do deserto há de lembrar sempre a Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus. Finalmente, o pão de todos os dias é o fruto da Terra Prometida, penhor da fidelidade de Deus às suas promessas. O "cálice de bênção" (1Cor 10,16), no fim da refeição pascal dos judeus, acrescenta à alegria festiva do vinho uma dimensão escatológica: da espera messiânica do restabelecimento de Jerusalém. Jesus instituiu sua Eucaristia dando um sentido novo e definitivo à bênção do Pão e do Cálice.

§2861 No quarto pedido, ao dizer "Dai-nos", exprimimos, em comunhão com nossos irmãos, nossa confiança filial em nosso Pai do céu. "Pão Nosso" designa o alimento terrestre necessário à subsistência de todos nós e significa também o Pão de Vida:

Palavra de Deus e Corpo de Cristo. É recebido no "Hoje" de Deus como o alimento indispensável, (super) essencial do Banquete do Reino que a Eucaristia antecipa.

P.12.8 Pão da vida

§103 Por este motivo, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como venera também o Corpo do Senhor. Ela não cessa de apresentar aos fiéis o Pão da vida tomado da Mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo.

§1338 Os três Evangelhos sinópticos e São Paulo nos transmitiram o relato da instituição da Eucaristia; por sua vez, São João nos relata as palavras de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, palavras que preparam a instituição da Eucaristia: Cristo designa-se como o pão da vida, descido do Céu.

§1405 Desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, toda vez que é celebrado este mistério, "opera-se a obra da nossa redenção" e nós "partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto não para a morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo".

§2835 Este pedido e a responsabilidade que ele implica valem também para outra fome da qual os homens padecem: "O homem não vive apenas de pão, mas de tudo aquilo que procede da boca de Deus" (Mt 4,4), isto é, sua Palavra e seu Sopro. Os cristãos devem envidar todos os seus esforços para "anunciar o Evangelho aos pobres". Há uma fome na terra, "não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus" (Am 8,11). Por isso, o sentido especificamente cristão desse quarto pedido refere-se ao Pão de Vida: a Palavra de Deus a ser acolhida na fé, o Corpo de Cristo recebido na Eucaristia.

P.12.9 Sinais do pão e do vinho na Eucaristia

§1333 A Eucaristia na economia da salvação OS SINAIS DO PÃO E DO VINHO Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até a sua volta gloriosa, o que ele fez na véspera de sua paixão: "Tomou o pão..." "Tomou o cálice cheio de vinho..." Ao se tomarem misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação. Assim, no ofertório damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto "do trabalho do homem", mas antes "fruto da terra" e "da videira", dons do Criador. A Igreja vê neste gesto de Melquisedec, rei e sacerdote, que "trouxe pão e vinho" (Gn 14,18), uma prefiguração de sua própria oferta.

§1134 O fruto da vida sacramental é ao mesmo tempo pessoal e eclesial. Por um lado, este fruto é para cada fiel uma vida para Deus em Cristo Jesus; por outro, é para a Igreja crescimento na caridade e em sua missão de testemunho.

§1335 O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a bênção, partiu e distribuiu os pães a seus discípulos para alimentar a multidão, prefigura a superabundância deste único pão de sua Eucaristia. O sinal da água transformada em vinho em Caná já anuncia a hora da glorificação de Jesus. Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiéis beberão o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo.

§1336 O primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os discípulos, assim como o anúncio da paixão os escandalizou: "Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?" (Jo 6,60). A Eucaristia e a cruz são pedras de tropeço. É o mesmo mistério, e ele não cessa de ser ocasião de divisão. "Vós também quereis ir embora?" (Jo 6,67). Esta pergunta do Senhor ressoa através dos séculos como convite de seu amor a descobrir que só Ele tem "as palavras da vida eterna" (Jo 6,68) e que acolher na fé o dom de sua Eucaristia é acolher a Ele mesmo.

 

 

Mãe e Virgem de Guadalupe interceda por nós, vigie-nos com os seus olhos maternos